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 Abordar a história como uma possibilidade de analisar e compreender o esporte moderno parece ser redundante visto que, como um fenômeno cultural com grande abrangência e visibilidade no cenário mundial, o esporte desde há muito tempo provoca diferentes rememorações sobre feitos humanos bastante específicos. São muitas as histórias que sobre ele foram e são construídas em diferentes tempos e culturas. Histórias que se alicerçam em diferentes fontes: documentos, registros oficiais de competições e instituições, fotografias, súmulas, diários, reportagens, depoimentos de quem viu, viveu e sentiu diferentes possibilidades do acontecer deste importante elemento da cultura corporal.

    Recorrer à histórica como um aporte teórico para analisar o esporte pressupõe ampliar a compreensão de que ela se caracteriza como um amontoado de curiosidades sobre algum tema ou ainda que se limite ao registro de dados da memória, seja ela individual, coletiva, de grupos, instituições, clubes, comitês olímpicos, nações. Essa afirmação remete a um primeiro desafio a ser enfrentado por aqueles/aquelas que pretendem estudar o esporte a partir da(s) sua(s) história(s) visto que não basta apenas evitar o esquecimento. Ou seja, não basta resgatar e preservar a memória (ainda que essa seja tarefa necessária) mas, fundamentalmente, há que lhe conferir significações, contextualizá-la no seu tempo, analisá-la, permitir que dela originem-se diferentes interpretações.

    Nesse sentido se torna fundamental esclarecer que a história, é aqui entendida como um campo acadêmico que estuda o ser humano no tempo. Ou, ainda, um campo teórico que, através de diferentes abordagens, permite reconstruir um tempo que já passou e cujos vestígios podem narrar esse tempo. Recorrer, portanto, à pesquisa histórica para melhor conhecer o esporte moderno significa recorrer a textos, imagens, sons, objetos, monumentos, equipamentos, vestes, ou seja, - memórias - entendendo-as como possibilidades de compreender que ali estão inscritas sensações, ideologias, valores, mensagens e preconceitos que permitem conhecer parte do tempo onde foram produzidos e que podem nos auxiliar a compreender um tempo pouco conhecemos. Significa perceber que, ainda que o esporte tenha adquirido centralidade na vida moderna, ele não é invenção do presente. Resulta de conceitos e práticas há muito estruturadas no pensamento ocidental cujos significados foram e são alterados não só no tempo mas também no local onde aconteceram e acontecem.

    Pesquisar o esporte a partir do recorte histórico é, e por que não pensar assim, construir um passeio por um tempo que é passado e é presente pois, apesar de distante na cronologia, carrega em si proximidades com representações, conceitos e preconceitos, formulações teóricas, construções estéticas, políticas e ideológicas desse tempo que é hoje e que é nosso. É procurar nos fragmentos do passado, vínculos e persistências com o presente e o futuro, não no seu desenrolar contínuo e cronológico mas na descontinuidade dos enlaces que entre eles se vão construindo. E que são pelo sujeito-pesquisador construídos. Afinal, os registros históricos são sempre construções de determinadas pessoas e resultam de escolhas, seleções e modos de ver de quem as produziu. O que significa afirmar que as fontes históricas nunca são completas ou estão esgotadas e que as versões historiográficas nunca são definitivas, pois podem ser lidas de forma diferente por diferentes sujeitos, em diferentes épocas. Razão pela qual a memória esportiva pode se caracterizar como uma rica fonte de investigação para os estudos historiográficos visto que ela possibilita a emergência de muitas histórias! É fonte inesgotável de narrativas sobre o esporte e suas interfaces com a cultura, educação, ética, nacionalidade, ritos, simbologias, e poderíamos citar vários outros temas.

    Ao fazer essas afirmações acerca da pesquisa histórica estou referendando a compreensão de que a história é uma narrativa. É uma construção feita no presente bem como também são construções do presente as fontes historiográficas, na medida em que elas são sempre forjadas, lidas e exploradas no presente, com os filtros do presente. Por isso as fontes também são construídas pelos historiadores, da mesma forma que ocorre quando são escritas as versões da história. Por esta razão, pesquisar história é, também, lançar-se a um trabalho que exige dedicação, rigor, disciplina, domínio teórico, riqueza de fontes, habilidade argumentativa, capacidade de análise e de interpretação, ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, que demanda paixão, entrega e ousadia. É jogar-se à diversidade das fontes movido por uma atitude que vê ali algo a ser revirado, remexido, futricado, conhecido, imaginado, interpretado, visto.

    Vale lembrar que a história enquanto área de produção do conhecimento pode qualificar de forma inequívoca os estudos desenvolvidos acerca do esporte moderno visto que ao rememorar o passado pode colaborar para a compreensão do presente e, quem sabe, ajudar na projeção do futuro. E aqui não se afirma ser a história algo linear, onde os fenômenos vão se desenvolvendo ou "evoluindo". Ao contrário, a história é entendida como um campo pleno de avanços e recuos, contradições, persistências e rupturas. Perceber, esse movimento é conferir ao esporte uma multiplicidade de olhares; olhares estes que não apenas o divulgam e o tornam mais conhecido mas que também ampliam saberes sobre ele, seduzem sujeitos a praticá-lo ou observá-lo, educam crianças e jovens. Nesse sentido é possível afirmar que a memória e a história não nos aprisionam ao passado mas nos conduzem à indagar e melhor compreender o presente.


Esporte moderno: entre a tradição e a espetacularização

    Conhecer o esporte moderno a partir do olhar historiográfico possibilita, como venho afirmando, múltiplas abordagens visto que essa matriz teórica permite análises específicas capazes de evidenciar as rupturas e continuidades que integraram o movimento esportivo desde a sua criação. Ou seja, possibilita, por exemplo, compreender que em torno do esporte moderno há ênfases tanto da tradição como do espetáculo e estas ênfases colocam em ação diferentes paixões, sentimentos, atitudes, desejos e vontades.

    É inegável o potencial de mobilização que o esporte apresenta na contemporaneidade. Não precisamos de muito esforço para identificar que na sociedade atual, esta prática corporal se constitui como um espaço social a mobilizar pessoas de diferentes etnias, gêneros, idades, classes sociais, credos religiosos, seja como participantes/praticantes seja como espectadores. Os eventos esportivos são exemplares dessa afirmação pois neles podemos visualizar uma espécie de expressão pública de emoções socialmente consentidas: o frenesi, o congraçamento, a rivalidade, o êxtase, a violência, a frustração, a explosão em aplausos e lágrimas de sentimentos que fazem vibrar a alma dos sujeitos e das cidades no exato momento em que vivificam a tensão entre a liberação e o controle de emoções individuais.

    Esse demarcado interesse que o esporte desperta nos indivíduos parece cumprir com o que Norbert Elias e Eric Dunning (1985) definiram de "destruição da rotina" na medida em que possibilita uma espécie de excitação agradável promovendo, em certa medida, um sentimento de identificação coletiva. Para além destas possibilidades poderíamos pensar na própria promoção do espaço esportivo como um terreno de virtuosas visibilidades visto que em torno do esporte, em especial de alto rendimento, há a construção de representações que associam seus protagonistas a figuras heróicas que, mediante intenso esforço pessoal, conquistaram um lugar ao sol num mundo pleno de adversidades. O esporte opera também, ao nível do imaginário individual e coletivo quando é representado como promessa de felicidade, ascensão social, marketing pessoal, domínio tecnológico, reconhecimento nacional e afirmação política de determinado país ou ideologia.

    Essa ambigüidade presente no esporte resulta, em parte, da sua própria história. Vale ressaltar que o esporte que hoje vicenciamos é aquele que se consolida no fim do século XIX e início do XX e que se traduz como signo de uma sociedade que enaltece os desafios, as conquistas, as vitórias, o esforço individual. É o "esporte moderno", que se origina no século XVIII e expressa-se nas public schools inglesas, espaço de construção dos corpos e dos valores burgueses. O esporte que passa a ser ensinado consoante as regras sociais e morais daquele tempo e que, ao modificar alguns dos antigos jogos populares, impõe a necessidade de uma educação do corpo e do espírito dos jovens de forma a despertar lideranças e a personificar, em carne e osso, os ideais representativos de um grupo social específico.

    Signo de distinção social, o esporte passa a ser um estilo de vida cujos elementos constitutivos são expressos na comparação das performances atléticas e dos resultados, no estabelecimento e submissão às regras fixas, na especialização e na hierarquização de papéis e funções, entre outros tendo no olimpismo um campo de reafirmação de sua expressão, institucionalização e consolidação. Entendido aqui como um movimento que nasce no final do século XIX cuja intervenção se dá na organização e promoção de valores agregados à prática esportiva e que tem nos Jogos Olímpicos sua expressão máxima, o olimpismo, hoje, é um terreno pleno de ambigüidades pois ao mesmo tempo em que procura assegurar uma certa tradição oriunda da Grécia Clássica, convive com a espetacularização do esporte que, em diferentes situações, distancia-se radicalmente dos valores agregados às competições de outrora.

    Ainda que possamos falar em um certo "espírito olímpico" identificando-o com amadorismo, o fair-play, a confraternização entre povos, a exaltação à identidade nacional, à promoção da paz, na atualidade é necessário ressignificar esses termos visto que, não é mais possível entendê-los nem como foram idealizados na Grécia Clássica, nem como foram recriados no contexto europeu do século XIX. Há aí um tempo decorrido e, neste tempo, outros sentidos e outros significados foram se agregando ao esporte alterando, por conseqüência, muitos de seus valores e, talvez, de seus princípios éticos pois o esporte não é algo em si! Isto é, não existe uma essência esportiva revitalizada a cada competição ou a cada edição dos Jogos Olímpicos. O esporte é plural e manifesta-se de diferentes maneiras em diferentes culturas e tempos e a essas manifestações agregam-se múltiplos valores. Solidariedade, consagração, celebração, são palavras por demais positivas se pensarmos nas zonas de sombra que também residem no interior do mundo esportivo. Nacionalismos exacerbados, exploração comercial e econômica, corrupção, especialização precoce, doping, violência, discriminação sexual também tem sido temas a fazer parte do cotidiano esportivo mesmo que, por vezes, os minimizemos e busquemos, a todo custo, recuperar a tradição e com ela fazer valer o que do esporte pode ser identificado como promotor de uma humanidade imanente a cada um de nós.

    Enfim, compreender o esporte não como "algo em si" mas como um produto histórico e cultural sobre o qual são atribuídas diferentes significações é pensar que não existe a "História do Esporte" mas que muitas histórias são possíveis de serem narradas e que estas dependem não apenas do referencial teórico que orienta o olhar de quem narra mas, fundamentalmente, da qualidade das fontes acessadas. Razão pela qual se tornam fundamentais para os estudos históricos aquilo que alguns autores têm denominado de "locais da memória".

    È necessário lembrar que a complexidade do mundo contemporâneo, o crescente e rápido processo de individualização do sujeito urbano, o acelerado ritmo das modificações tecnológicas, a profusão de informações a interpelar homens e mulheres cotidianamente e mesmo a superficialidade com que, muitas vezes, essas informações são veiculadas tem diminuído o poder seletivo da memória, ou seja, a capacidade de eleição do que é ou não importante armazenar. Tal perda tem sido apontada, por profissionais que atuam no campo da informação, como um elemento a colaborar na estruturação de sociedades do esquecimento. (Simson, 2001).

    Por essa razão tornam-se fundamentais, para a preservação da memória e a construção de histórias, os museus, centros de informação e documentação, bem como os acervos e as coleções particulares, identificados, neste aqui como "locais da memória".


Memória esportiva no Brasil: iniciativas pioneiras

    No Brasil, desde há algum tempo podemos identificar iniciativas no que respeita a recuperação, preservação e socialização de dados referentes à memória esportiva brasileira, inclusive a memória olímpica. Em uma primeira fase estas iniciativas se estruturam a partir de interesses individuais de colecionadores e aficionados pelo esporte cujos acervos, em sua maioria, encontram-se ainda sem acesso público. Destaco, aqui, algumas dessas iniciativas: 1) o acervo de Gerson Sabino, jornalista de Belo Horizonte, que desde a década de 30 colecionou artefatos relacionados ao futebol visto ter participado de todas as Copas do Mundo até o ano de sua morte, em 1998. Gerson reuniu um vasto material referente a essa modalidade esportiva organizando uma coleção particular que está sob responsabilidade de sua família; 2) a coleção de livros de Mario Cantarino, localizada em sua residência na cidade de Brasília. O professor Mário começou a reunir diferentes obras desde o final dos anos 40, reunindo um acervo bibliográfico que se constitui, hoje, na maior biblioteca particular do Brasil sobre Educação Física e esportes. Com aproximadamente 4000 livros, grande parte deles editados entre 1930-1950, possui ainda algumas obras raras tanto nacionais como internacionais; 3) Nos anos 60, é importante registrar a estruturação de outro acervo esportivo particular: o "Museu de Educação Física", organizado pelo professor Jair Jordão Ramos de modo informal e particular, na sua própria residência, no Rio de Janeiro. 4) Neste mesmo período, na cidade de Porto Alegre, o médico Henrique Licht, iniciou uma importante coleção sobre esportes organizando um acervo de aproximadamente 8000 referentes à história dos esportes olímpicos e não olímpicos tanto mundiais como nacionais e regionais. Esse acervo foi doado, em novembro de 2002, ao Centro de Memória do Esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e está disponível para consulta e pesquisa.

    Como iniciativa individual de preservação da memória esportiva brasileira cabe ainda ressaltar o acervo de Roberto Gesta de Melo, atual Presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, cuja coleção particular reúne, em sua residência, na cidade de Manaus, documentos e objetos olímpicos com ênfase no atletismo destacando-se vários itens do acervo pessoal de Ademar Ferreira da Silva - grande atleta brasileiro e bi-campeão olímpico no salto triplo. Além desses acervos particulares figura como importante a biblioteca do professor Lamartine Pereira da Costa, composta por obras bastante preciosas no que respeita à memória e a história do esporte moderno.

    Para além dos acervos particulares, os clubes esportivos desempenham, desde os anos 80 do século XX, um importante papel na preservação da memória esportiva e olímpica do Brasil. Destacam-se, por exemplo, Arquivo Histórico do Clube Espéria, de São Paulo (1989) https://www.esperia.com.br/; o Museu do Grêmio Football Porto Alegrense (1988) https://www.gremio.net/; o Centro de Memória Centro de Memória Hans Nobiling, ligado ao Esporte Club Pinheiros, em São Paulo (1991) - https://www.pinheiros.org.br/area_memoria/atendimento.asp; o "Memorial Sogipa" pertencente à Sociedade de Ginástica Porto Alegre que se identifica pela sigla SOGIPA (1992) - https://www.sogipa.esp.br/; o Flu-Memória, vinculado ao Fluminense Football Club, no Rio de Janeiro (1995) - https://www.flu.com.br/; Centro de Documentação do Comitê Olímpico Brasileiro (1996) - https://www.cob.org.br/ e o Acervo Histórico do Minas Tênis Clube (1997) - https://www.minastenis.com.br/. Estes clubes apresentam os acervos organizados e disponibilizados para consulta pública. Por certo vários outros clubes poderiam ser citados mas talvez ainda não o foram porque a sistematização, catalogação e recuperação dos acervos não estejam em condições suficientes para a garantir o acesso e a consulta aos materiais que abrigam.

    Como locais da memória esportiva são importantes, ainda, as diferentes iniciativas institucionais que despontaram no Brasil a partir dos anos 80. Iniciativas estas vinculadas a órgãos públicos como, por exemplo, o Centro de Memória Esportiva "De Vaney" vinculada a Secretaria Municipal de Esportes de Santos (1993), cujo acervo engloba material a partir de 1938 - https://www.urbo.com.br/cmedevaney/. E, mais recentemente, os centros de documentação e memória vinculadas às Universidades como, por exemplo, o Centro de Memória do Esporte da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - CEME - https://www6.ufrgs.br/esef/ceme/index.html; o Centro de Memória da Escola de Educação Física e Desportos, vinculado à Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001) - https://www.ceme.eefd.ufrj.br/. O Centro de Memória da Educação Física - Universidade Federal de Minas Gerais - CEMEF- UFMG (2001) - https://www.eef.ufmg.br/; e o Arquivo Maria Lenk que opera sob responsabilidade da Biblioteca da Pós Graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho

   Cabe ainda ressaltar o projeto do Museu Olímpico do Comitê Olímpico Brasileiro além de iniciativas do setor de informações esportiva, as quais tem convergido para congregar a memória com a informação compartilhada. Exemplos atuais desta intervenção no Brasil são: Sistema Brasileiro de Documentação e Informação Desportiva - SIBRADID, sediado a Escola de Educação Física da UFMG - https://www.sibradid.eef.ufmg.br/; o Núcleo Brasileiro de Dissertações e Teses - NUTESES, o acesso às informações referentes à produção científica, dissertações e teses, da área de Educação Física, Esportes, Educação e Educação Especial - https://www.nuteses.ufu.br/index3.html; o Centro Esportivo Virtual - CEV - https://www.cev.org.br/; o REFELNET, Revistas de Educação Física, Esporte e Lazer On-line -vinculado à Escola Superior de Educação Física de Muzambinho-MG - https://www.efmuzambinho.org.br/ref.asp; e o CEDIME Centro de Documentação e Informação Esportiva do Ministério do Esporte que foi criado em 2003 e encontra-se em fase de estruturação. Este Centro constitui-se em um sistema virtual que busca aglutinar informações relacionadas ao esporte nacional objetivando potencializar ações direcionadas para a gestão esportiva - https://www.esporte.gov.br .

    Se pensarmos na potencialidade que esses acervos têm no sentido de se constituírem tanto como locais da memória como locais para o desenvolvimento de projetos educativos relacionados ao esporte podemos perceber que os inúmeros desafios colocados à memória e a história do esporte moderno no Brasil e América Latina. Nesse sentido torna-se ser urgente efetivar algumas ações como, por exemplo: 1) o mapeamento dos acervos particulares e públicos; 2) a identificação de acervos particulares e a tentativa de que sejam cedidos/vendidos para instituições cujo acesso seja público, não só aos pesquisadores mas a todos que se interessam pela memória esportiva; 3) a implementação de projetos interinstitucionais e entre grupos de estudos cuja temática relaciona-se à Memória e a História Esportivas, estabelecendo uma rede de informações a ser partilhada não só aos grupos mas a quem delas desejar acessar via recursos computacionais; 4) a ampliação de ações dos grupos de pesquisa em história do esporte e das diferentes práticas corporais hoje existentes no Brasil e na América Latina objetivando, para além da atividade de pesquisa, a realização de ações como: exposições e oficinas temáticas a serem desenvolvidas em escolas, clubes, parques, praças, etc sensibilizando crianças e jovens para a preservação da memória esportiva local bem como a construção de histórias a ela relacionadas; 5) a organização de bancos de dados acerca da história esportiva nacional sua disponibilização através de recursos computacionais. Criação de home-pages, publicações on-line, CDRoms, etc; 6) a organização de acervos de depoimentos com pessoas que tiveram e tem significativa importância na construção/consolidação da história esportiva (atletas, dirigentes, entusiastas, jornalistas, colecionadores, etc); 7) o fomento à pesquisa sobre a memória esportiva de uma região, comunidade, cidade e incentivo a reconstrução de histórias particulares e específicas; 8) o incentivo, por parte dos Comitês Olímpicos, de instituições de fomento e empresas privadas aos grupos de Pesquisa em Memória e História bem como aos centros de memória, documentação e informação esportivas, objetivando qualificar suas intervenções.

    Enfim, se muito já foi feito ao pensarmos na memória e na história dos esportes gostaria de finalizar esse texto afirmando que há, ainda, um mundo a se fazer. E este depende da paixão pelo tema, da ousadia teórica, do rigor metodológico, da sensibilidade histórica e, sobretudo, da vontade de que da memória esportiva floresçam histórias a nos contar sobre esse elemento da cultura que, cotidianamente, nos seduz, encanta e desafia.